Quem diria que no ecossistema da inovação 4.0 surgiria uma nova Elizabeth Holmes? Como a fundadora da healthtech Theranos, condenada em novembro de 2022 a 11 anos de cadeia por fraude, a americana Charlie Javice foi uma jovem obstinada. Sonhava em mudar o mundo – e ganhar muito dinheiro com isso. Em 2016, aos 24 anos, imbuída da missão de democratizar o acesso ao ensino universitário, ela fundou a Frank. A startup propunha tornar o processo de solicitação de empréstimos estudantis mais rápido e fácil.
O negócio fez brilhar os olhos de investidores e atraiu US$ 20,5 milhões em cheques de fundos de venture capital, mostra a plataforma Crunchbase. Em 2021, o J.P. Morgan pagou US$ 175 milhões pela Frank. No anúncio da compra, o banco classificou a edtech como a “plataforma de planejamento financeiro universitário de crescimento mais rápido do mercado”, usada por cerca de 5 milhões de estudantes, em 6 mil universidades.
Na semana passada, conforme revelado pelo jornal americano The Wall Street Journal, Charlie mentiu sobre a escala de seus negócios, na fase de due dilligence. No processo aberto pelo J.P. Morgan, no final do ano passado, em um tribunal de Delaware, Charlie e Olivier Amar, chefe de growth da edtech, forneceram uma lista de 4,265 milhões de clientes. Mas apenas 300 mil eram verdadeiros.
Ao processo do J.P. Morgan, Charlie contra-atacou com uma ação na Justiça, na qual acusa a instituição financeira de ter “fabricado” motivos para demiti-la. Com a compra, ela e Amar passaram a integrar o quadro de funcionários do banco.